pontes para o desconhecido

Se andas num limbo de emoções e pensamentos, dá-me a mão, porque estou mesmo aqui ao teu lado. Tentamos equilibrar-nos na corda velha e madeira húmida, mas se nos tivermos um ao outro já teremos algo a que nos agarrar. E se um cair, estará lá o outro para o segurar.

Ao longo da minha curta vida já atravessei algumas pontes de madeira e corda, que uniam precipícios antes separados por um vazio, profundo nevoeiro, por vezes um distante mar ou solo eram visíveis. O som do vento sobre a fragilidade da ponte é assustador. Maior parte das vezes e até hoje, não faço ideia de até onde me levam as pontes – vou, pedindo apenas que seja Deus a guiar-me para lá.

A verdade é que, maior parte das vezes, essas pontes levam-me a um lugar realmente bom, e melhor do que o meu acampamento anterior. Sinto-me agradecida pelo atribulado atravessar de cada ponte, pois há do outro lado vegetação linda e animais fascinantes, e lá encontro a nova melhor fruta que já provei. Mas por vezes isto não se deveu ao lugar em si, mas à maneira como eu olhei para ele. Por vezes, eu só fui capaz de amar o novo acampamento porque preparei a minha tenda e as minhas roupas para lá ficar. Muitas vezes, se não todas, eu só fui feliz porque ensinei a minha mente e o meu coração a sê-lo.

Eu nunca espero que o lugar para onde vou seja o melhor lugar da minha vida. Muitas vezes, tento abster-me de qualquer expectativa; outras vezes, coloco-as bem lá em baixo, junto com o fundo invisível do precipício. A única coisa que espero do futuro, e isso espero sempre, é que torne a minha vida melhor. E assim raramente sou desiludida: num lugar mau, eu já o esperara; num lugar bom, sou atingida por doce surpresa; e saberei sempre que tanto no melhor como no pior dos lugares eu vou aprender, vou crescer, e vou tornar-me um ser mais sábio e mais completo. E, aconteça o que acontecer, isso é bom.

Para além disso, recordo-me todos os dias de que este mundo é essencialmente um lugar belo, e que há também beleza na tristeza e na dor. Com isto, há sempre coisas, não importa quão pequenas, que fazem a jornada valer a pena. Seja a motivação de sofrer e ultrapassar o sofrimento para que isso me torne mais forte, seja o gozo de ver passar uma borboleta pequena e efémera enquanto ando a penosa caminhada de peregrina montanha acima rumo ao desconhecido.

Até uma flor mais pequena que a tua pupila pode fazer-te feliz, se tu souberes olhar para ela. Até o som do vento, ameaçador para muitos, pode soar-te a conforto e a lar, se tu souberes ouvir o que ele tem para te dizer. Até uma descida rochosa pode ser prazerosa se tu te lembrares de que tudo podes nAquele que te fortalece.

Nunca digas que não estás a encontrar a felicidade – seja num lugar, numa pessoa, ou numa acção. A felicidade não é um destino nem uma coisa, para que tu a procures assim. Quando muito, tu não estás a conseguir ser feliz. A felicidade é o modo de ir, e é o modo de contemplar a ida. E isso não depende de onde tu estás; depende, sim, de como tu lá estás, e de tudo o que tu fizeste para lá chegar. E jamais te esqueças de que a tua caminhada, mesmo que seja uma via dolorosa, não é uma via solitária. Se precisares de uma mão para ter uma jornada mais suave, dá-me a tua. Não importa onde estivermos, podemos ir lado a lado.

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