inbeleza

Esforça-te por ver a beleza – mas não te esforces por ver beleza onde ela não há.

Há coisas realmente  feias no mundo, há coisas que não merecem ser apreciadas. Não és obrigado por nada nem ninguém a gostar de tudo. Nenhum ideal requer de ti que te conformes com prazer a tudo. Podes olhar e rejeitar, podes provar e desaprovar, podes sentir e desgostar. É-te lícito.

Há coisas realmente feias no mundo, e, para perceber a beleza, também isto tens de perceber. Apreciamos a beleza porque sabemos o que existe do outro lado (é algo que eu preferia não ter visto).

Porque há dores e maldades nesta vida. É verdade, sim, que de todas as circunstâncias podemos tirar proveito, e em todos os momentos podemos crescer com uma esperança maior, e isso é ser feliz. Mas há dores que são puramente dores, e também há puras maldades, e tudo isto tem um propósito, e, por vezes, o propósito é fazer-te chorar. E chorar – também isso é ser feliz.

Como uma corrente de água que lava a sujidade, também tu precisas de chorar as tristezas desta vida. Haverá tempo de sorrir para a beleza, e de chorar de alegria. Da mesma forma, haverá tempo de vestir de pano de saco e chorar amargamente.

Só o fazes porque sabes o que há de melhor.

Por isso, chora o que é mau. Acontecem coisas na vida que não merecem o teu sorriso. Encontrarás depois tempo de sorrir, porque a vida é bela. Mas a vida não é perfeita, e as coisas más contaminam-te se tu não lhes mostrares que não há espaço para elas dentro de ti. Para isto tens tu de estar convencido de que não há espaço para as coisas más dentro de ti.

O teu corpo sabe isto melhor que a tua mente, e ele pode pedir socorro antes mesmo de saberes ao certo o que te dói. Ele chora de muitas maneiras diferentes. Ouve-o.

Com tudo o que acontece podes aprender. Também o luto é uma aprendizagem, assim como as despedidas, as doenças, as derrotas, os acidentes, os vales e as valetas.

Se a vida fosse só montanhas, seria na verdade uma mera planície. Não andes pelos vales como se fossem as montanhas – porque o que há lá no fundo é diferente, e tu aprendê-lo-ás somente se o viveres de uma maneira diferente.

A beleza dos lugares inbelos é o simples acto de lá não encontrares beleza. Em tudo isto, não há nada que não tenha um propósito – seja ele qual for.

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